
Por Carolina Jardim ,
Diretora de Crédito e Garantia na Marsh Brasil
04/23/2025 · 3 minutos de leitura
Desde a adesão ao Acordo de Paris, o Brasil tem operado em um mercado voluntário de créditos de carbono, no qual empresas estabelecem metas próprias para limitar emissões de gases de efeito estufa. Desde então, seguradoras têm explorado formas de mitigar riscos associados às transações voluntárias, como inadimplência, não entrega de créditos, invalidação ou cancelamento por problemas de certificação.
Agora, a promulgação da Lei 15.042, em 11 de dezembro de 2024, marca o início da transição para um mercado regulado, instituindo o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE). A mudança traz novas demandas de segurança jurídica e operacional, que devem atrair investimentos e fomentar a expansão do setor.
Esse cenário demanda soluções securitárias mais sofisticadas para mitigar riscos específicos, como mudanças regulatórias e eventos climáticos extremos que afetem projetos de reflorestamento ou conservação, bem como riscos políticos associados a operações transnacionais. Ainda, a equiparação dos créditos de carbono a valores mobiliários supervisionados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) amplia a necessidade de proteção contra riscos legais e financeiros.
Nesse sentido, o mercado segurador deverá atuar como um pilar fundamental na estruturação e na viabilização de projetos de crédito de carbono, tanto no mercado interno quanto para exportação.
O SBCE será implementado em fases, estimando-se que a operacionalização completa ocorra em até cinco anos. A regulamentação inicial, criação do órgão gestor e definição dos setores que serão regulados acontecerá na primeira fase, que deve durar entre 12 e 24 meses.
Nesse período, serão estabelecidos os detalhes operacionais do sistema e as bases jurídicas para o funcionamento do mercado.
Com uma vasta cobertura florestal, o país está em posição privilegiada para implementar iniciativas de captura e redução de emissões, como projetos de reflorestamento, restauração de biomas e manejo sustentável – o que sinaliza um enorme potencial para se destacar como fornecedor global de créditos de carbono.
Com o apoio técnico do Banco Mundial, por meio do programa Partnership for Market Implementation (PMI), o país está seguindo um roteiro que incorpora aprendizados e experiências globais. Assim, corretoras com expertise global e seguradoras alinhadas têm um papel estratégico nesse cenário, trabalhando em parceria para fortalecer o mercado voluntário atual e apoiar a construção de uma base sólida para a transição ao mercado regulado.
Com essa perspectiva, não é necessário esperar cinco anos para agir: o momento para estruturar operações robustas e confiáveis e atrair novos investidores é agora.