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Os riscos que o fenômeno La Niña representam para pessoas e organizações

Os efeitos do La Niña possuem alcance global, criando anomalias climáticas inter-relacionadas, de grande escala e duradouras, que influenciam os padrões climáticos no planeta.
La Nina Tablet

Os efeitos do La Niña possuem alcance global, criando anomalias climáticas inter-relacionadas, de grande escala e duradouras, que influenciam os padrões climáticos  no planeta.

As perturbações sazonais da circulação atmosférica global e das temperaturas da água do oceano Pacífico Tropical podem levar ao frio intenso e chuvas torrenciais (com chances de alagamentos e enchentes) em algumas regiões , enquanto causa secas severas e muito calor em outros locais. Por isso, assim como no fenômeno El Niño, os fortes eventos do La Ninã podem afetar o abastecimento de água, a agricultura e a produção de alimentos e commodities (como a soja e o milho), as organizações de manufatura de diversos bens de consumo e os varejistas do setor de alimentos e vestuário, por exemplo.

Neste cenário  as precipitações extremas podem aumentar o risco e a severidade dos alagamentos e deslizamentos de terra, como se viu em 2011 no ciclone tropical Yasi que atingiu a Austrália e nas chuvas muito intensas e persistentes que atingiram a Bahia no final do ano de 2021.

As consequências mais comuns nesses eventos são danos extensos às propriedades e às infraestruturas, seja em decorrência do aumento da vazão dos rios e cheia de inúmeros cursos d’água (que costumam causar enchentes em diversos municípios), ou pela trágica consequência de deslizamentos de terra em regiões de risco geológico. Estradas e ferrovias inacessíveis, interrupção prolongada no fornecimento de energia e água, escassez de materiais e de mão-de-obra são fatores que podem causar grandes interrupções na cadeia de abastecimento, no fornecimento de serviços críticos como hospitais e paralização dos negócios de fornecedores e clientes, tornando ainda mais difícil reestabelecer a normalidade. Além disso, os riscos naturais provocados pelo La Niña, como inundações e  seca, podem contribuir para a propagação de doenças transmitidas por vetores.

Já as regiões afetadas pelo clima mais seco, baixa umidade e elevadas temperaturas estão expostas à ondas de calor que são extremamente prejudiciais à saúde humana e às atividades agrícolas de diversas culturas, levando a situações de estresse hídrico e baixa disponibilidade nos reservatórios utilizados para o abastecimento público, para captação com fins industrial e agrícola e, até mesmo, para geração de energia hidroelétrica. Outro impacto negativo e muito relevante nesses casos, é o aumento do risco de incêndios florestais, que pode atingir proporções desastrosas quando o tempo firme e seco permanece por períodos prolongados, como já aconteceu no Pantanal Brasileiro.

Maneiras de mitigar os riscos do La Niña

Líderes empresariais e gestores de risco devem rever e atualizar os seus planos de preparação, resposta e recuperação, a fim de proteger o bem-estar das pessoas, a integridade das propriedades e a continuidade de suas operações — e estarem preparados para comunicar os sinistros em caso de perdas. Essa preparação prévia inclui:

Monitoramento de padrões climáticos: atenção aos padrões climáticos de sua região e no mundo. Isso pode ajudar a organização a antecipar riscos potenciais e tomar medidas para reduzi-los.

Elaborar planos emergenciais: garantir que cenários de secas, inundações e eventos climáticos extremos façam parte dos planos emergenciais, de contingência e continuidade de negócios. Buscar opções alternativas para continuidade das operações (por exemplo, transferir parte da produção para outra unidade da empresa) e realizar testes regulares dos planos elaborados também são fundamentais para permitir que a organização responda de forma rápida e eficiente se um risco relacionado ao clima se materializar.

Tornar sua cadeia de abastecimento resiliente: avaliar a cadeia de suprimentos da organização frente ao possível impacto de desastres relacionados ao clima e tomar ações para torná-la mais resiliente deve ser uma prioridade.

Adaptar infraestruturas: investir em infraestruturas que possam resistir a eventos climáticos extremos, tais como barreiras ou canais contra inundações e sistemas de geração de energia reserva. Quando possível, mover operações para mais longe de rios e áreas de risco também deve ser uma alternativa considerada. Isso pode minimizar os danos causados por eventos climáticos extremos e fazer a diferença no processo de retomada das operações.

Educar e apoiar os funcionários: informar aos funcionários sobre riscos climáticos, estabelecer como a sua organização se comunicará sobre tais eventos e como os colaboradores podem ajudar a mitigar os impactos nos negócios e nas pessoas. Essa ação envolve treinamento sobre procedimentos de emergência, incluindo simulaçõess de evacuação. As organizações também devem estar preparadas para apoiar os seus funcionários caso sejam diretamente afetados por um evento climático, através de: ajustes nas políticas de licença e trabalho remoto; assistência financeira, habitacional, de reclamações de seguros e assistências semelhantes, conforme viável; além de recursos médicos, físicos e de saúde mental.

Atualizar seu programa de seguro e procedimentos de sinistros: analisar as coberturas patrimoniais, de catástrofe natural, de interrupção de negócios, de responsabilidade ambiental e civil, entre outras, para avaliar suas coberturas previamente e não ser surpreendido caso seu negócio seja impactado por eventos causados pelo La Niña. Isto deve incluir a avaliação de valores segurados, a determinação do nível de risco que pode ser aceito e a identificação de áreas onde uma apólice paramétrica pode ser vantajosa. A elaboração de protocolos de comunicação e preparação de sinistros com seguradoras e corretores também pode ajudar a agilizar o processo de regulação de sinistros.

Autora:

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Marjorie Leite

Environmental and Emerging Risks Consultant at Marsh LAC

  • Brazil