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Mineração: como incorporar a agenda ESG no gerenciamento de riscos? | Marsh

A mineração pode causar impactos ambientais e sociais. Acesse o artigo e saiba mais sobre como gerenciar estes os riscos.
Coal mining from above

Com a proteção dos recursos naturais em crescente destaque na agenda global de negócios, a indústria da mineração enfrenta uma pressão cada vez maior de reguladores, seguradoras, investidores e entidades de aquisição para demonstrar seu comprometimento com princípios ambientais, sociais e de governança (ESG).

Mesmo assim, os incidentes ainda acontecem com frequência – e vão muito além dos rompimentos de barragens amplamente noticiados pela mídia.

Os impactos ambientais e sociais recorrentes da atividade mineradora são causados geralmente pelo aumento da turbidez e variação da qualidade e acidez da água, contaminação do solo e da água com metais pesados, redução do oxigênio dissolvido nos ecossistemas aquáticos, assoreamento de rios, poluição do ar, extinção da flora e fauna local. Tudo isso tem um grande impacto na saúde e qualidade de vida da população local.

Por exemplo: no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, a extração de lítio tem causado desmatamento, alteração de cursos d'água e aumento de problemas respiratórios. A comunidade indígena Pankararu, uma das mais afetadas, denuncia também o aumento da violência na região, devido ao fluxo de pessoas atraídas pela mineração​.

Adotar uma abordagem de gerenciamento de riscos proativa, focada em princípios ESG, permite identificar a extensão das ameaças com precisão, priorizar e mitigar esses riscos, minimizando o impacto sobre o desempenho, a reputação da empresa e oportunidades de investimento futuras.

Compreendendo os critérios para gestão do risco

Riscos ambientais

Os critérios que examinam o impacto de uma empresa de mineração na natureza visam construir uma estratégia comercial sustentável e estendem-se às atividades de pós-produção durante a reabilitação da área. Os fatores geralmente incluem:

  • Sua abordagem para medir e gerenciar a poluição do ar, da água e do solo;
  • O uso eficiente de recursos-chave, como a água;
  • O impacto da organização sobre a biodiversidade;
  • Seu consumo de energia e suas emissões de CO2;
  • Sua vulnerabilidade a catástrofes, tanto em termos físicos quanto logísticos.

Conforme aumenta a demanda por exploração, mineração e processamento de matérias-primas críticas para a transição de energia limpa, as empresas de mineração irão se deparar com a oportunidade de integrar e aprimorar suas políticas ambientais em alinhamento com iniciativas globais.

Riscos sociais

Os critérios que examinam como uma empresa trata e valoriza seus funcionários e a comunidade em geral podem incluir:

  • As políticas de gestão trabalhista de uma organização;
  • Os compromissos com a saúde, segurança e bem-estar de seus colaboradores;
  • Os impactos que uma organização tem sobre a comunidade local e se esses efeitos são positivos ou negativos;
  • A avaliação quanto ao cumprimento de normas trabalhistas dos seus fornecedores.

Riscos de governança

Os critérios que avaliam as práticas de Governança Corporativa de uma empresa têm foco na estrutura da diretoria, em particular sobre diversidade da alta liderança, qualidade da auditoria, transparência e o relacionamento da empresa com os órgãos governamentais e reguladores, bem como com ONGs.

Em que as empresas devem se concentrar primeiro?

ESG e sustentabilidade são áreas amplas e complexas, o que torna difícil saber o que priorizar. Na Marsh, trabalhamos o seguinte percurso de questionamentos iniciais com nossos clientes:

1.      Como nossa maturidade em clima e outros aspectos relacionados com ESG se compara aos pares e/ou aos requisitos de divulgação obrigatória ou opcional? O que precisamos fazer para atender aos requisitos de relatórios?

2.      Como a mudança climática impacta nossos ativos e cadeia de suprimentos? Como nossa exposição ao risco físico pode mudar ao longo do tempo?

3.      Como a transição para uma economia de baixo carbono afetará nossas operações e qual é o impacto financeiro esperado? Como os resultados – por exemplo, uma mudança na demanda por commodities ou a necessidade de práticas mais sustentáveis – influenciarão nossa estratégia?

4.      Como podemos implementar o planejamento de risco e resiliência climática na estratégia da organização?

5.      Qual é o impacto das mudanças climáticas no mercado de seguros e como isso pode afetar nossa organização?

As principais ações a serem tomadas:

  • Avalie as implicações dos fatores ESG em sua organização utilizando dados do setor, índices de risco, modelagem de cenários de risco climático e perspectivas das principais partes interessadas;
  • Analise e estabeleça os meios necessários para controlar sua exposição aos riscos físicos, de transição e de reputação associados a fatores ESG que podem impactar sua organização. Algumas das ações mais discutidas envolvem, por exemplo, diminuir a quantidade de resíduos gerados e fazer o seu descarte correto, racionar o uso de água, reabilitar áreas degradadas, gerenciamento de crise mais eficiente e adequação à legislação ambiental vigente.
  • Analise os requisitos de reporte externo. Muitas instituições financeiras globalmente já estão alinhadas às estruturas de divulgações não-financeiras, tais como a Task Force on Climate-Related Financial Disclosures (TCFD), Task Force on Nature-Related Financial Disclosures (TNFD) e a Global Reporting Initiative (GRI).

Ações rápidas e uma comunicação eficaz sobre ESG ajudam empresas a atrair capital, fortalecer relações com comunidades e mitigar impactos ambientais e sociais, garantindo competitividade e resiliência operacional.

Autoras:

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Marjorie Leite

Environmental and Emerging Risks Consultant at Marsh LAC

  • Brazil

Carla Contini

Carla Contini

Superintendente Casualty, Marsh, Brasil

  • Brazil